terça-feira, 16 de setembro de 2014

Poema para a serenidade


Todos caíam. 
Preferiram a queda
a viver de olhos fechados. 

Foi tudo muito rápido
não houve silêncio
para buscar memórias.

As feridas já nasceram prontas.
Doíam
porque a humildade nos rasga
até cicatrizar a sombra.
Ainda quis saber
em que parte do invisível
elas estavam sendo gestadas.

E como ficam as feridas
e os escombros
se embaixo da avenida
não há arco-íris.

Alguns diziam: " foi melhor assim".
Mas a dor
antes de florescer
não muda de lugar tão cedo.

Vieram
como abelhas 
procurando ideias doces.

Trouxeram a pontualidade de uma mentira
para recompor a tristeza.
Sobreviver
não depende de princípios básicos que aprendemos na escola.
A sobrevivência é a herança do vazio
que abre portas
enterra medos
propaga o amor de mãe
em toda tempestade.
Basta estender as mãos. 

Das partes de uma história
deixada para trás 
a tristeza é como um dia simples
que ninguém colocou lá.
Ela está
perdida
em algum lugar do ontem
ferindo os pensamentos que não saem do lugar.

A tristeza deixa suas marcas
como um gigante
que sai de um mar sereno
para criar ondas.

* * * 

Como uma voz alta
o dia amanheceu sem parar.
E todas as certezas que tive com medo
foram apenas ideias antes de dormir.

A tristeza foi embora
porque tinha um nome.

O gigante explodiu. 
Seus restos viraram uma grande cidade ao Norte.

O que antes era vazio 
passou a ter a densidade do tempo presente
e um recado para meu futuro:

as abelhas deixaram as ondas
a tristeza um barco
e em breve
aprenderei a navegar. 

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